quinta-feira, 5 de julho de 2012


Tão clichê seria falar do céu, das nuvens passando, do prédio caindo (ApanhadorSó). Seria tão comum assim falar do amor que nos envolve que preferimos deixar subentendido no nosso interior para não nos machucar jamais. O amor é a cura, não a causa de todas as dores. Nesse momento pensaste que estou errado? Mas se estou enganado e nada sei, ou se tudo sei e nada sabes, de quem é a culpa? Precisamos enxergar o amor como a cura, como o mais puro presente da natureza que nos envolve no dia a dia. Todos existimos com um propósito, com uma ideia de caminho programado, em busca da outra metade, do outro lado do abismo que nos consome.

segunda-feira, 2 de julho de 2012


Começa quando tu percebes que mais vale duas cabeças pensantes a vinte e tantos mil ignorantes. De que adianta avaliar-se tão minúsculo ao ver o quão broxante se torna o mundo ao seu redor, talvez ali por perto, ou um pouco mais, não se sabe.  O que quero dizer é que nada que tu tentes mostrar, fazer ou passar, vai ser realmente apreciado, sentido como se fosse um abraço no peito que, por muito tempo, mostrou-se solitário e vazio.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Mãos bicolores, cigarro filtro branco e uma humildade inimaginável.


Ponto de meio dia, na esquina da praça principal. Um homem desconhecido, pai de mais de um filho, que vendia alianças, pulseiras e afins, gravadas na hora com sua maquininha. Me chamou a atenção quando dirigiu a palavra a mim, perguntando se podia gravar meu nome no violão que eu carregava.

Sem pensar proferi três palavras: “Não, não, obrigado.” Mas ele não demorou a insistir mais uma vez: “Deixa eu gravar, não vou cobrar, apenas pra ti lembrar de mim.” Então resolvi deixar, um pouco desgostoso, sem pensar na quão grandiosa pessoa que acabara de conhecer. Abri a capa, tirei meu violão para fora e entreguei ao homem que se propusera a gravar.

Me atirou um bloquinho cheio de nomes e números e uma caneta azul para eu escrever meu nome. Quando peguei a caneta, o homem começou a riscar o violão, logo pensei que ele iria riscar qualquer merda só pra estragar meu precioso instrumento. Mas não, o homem havia escrito “100%” e ao ler meu nome, proferiu certas palavras: “Mesmo nome do meu filho mais velho.” E o escreveu.

Instantes após ter escrito, apertou minha mão, e me desejou boa sorte, disse que morava em Porto Alegre e que gostava muito de São Sepé. Eu estava acompanhado, havia um amigo junto e, por educação, ele pegou alguns níqueis no bolso e dirigiu-se ao homem, no mesmo instante o mesmo rejeitou. “Não quero dinheiro, muito obrigado, isso é uma recordação que ele vai ter.”

Ao apertar novamente a mão do sujeito e agradecer mais uma vez, percebi que suas mãos tinham duas cores - talvez um vitiligo decorrente a um imenso sofrimento, sua humildade era de algum outro lugar e não era um mercenário qualquer, fazia as coisas porque gostava, e não para ter todo o dinheiro do mundo. Perguntei qual era seu nome, prontamente respondeu: “Meu nome é Chaves, boa tarde, Júnior, tenha um bom dia.” Agradeci e desejei o mesmo.

Passei o dia inteiro pensando no que acontecera e, com toda a certeza, nunca irei esquecer. Tenha uma ótima vida, humilde das mãos bicolores e cigarro filtro branco.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Considerado o ultimo amanhecer.


Primeiro.

Foram tão inesperados aqueles instantes que mal pude conter meus gritos de aflição. Segundos após abrir a porta encontro-me na cena de um filme, no qual eu era o personagem principal e tinha que encontrar uma maneira para dar a volta por cima. Era fogo, carros, ônibus, tudo o que existe no mundo, à minha frente, sendo destruído por máquinas que eu jamais havia visto.

Ouvia os gritos desesperadores de senhoras que não conseguiam segurar os próprios filhos, tentando ajudar vizinhos em situações completamente inimagináveis. O maior caos constatado em todo o mundo. Todos se perguntavam o que aquelas coisas queriam, ou como elas vieram parar na rua da sua casa. Meninos que brincavam diariamente nas poças d’água, ficaram surpresos com a grandiosidade dos “pés” de cada ser desconhecido.

Parei por dois segundos, e passei a acreditar que essa era a hora que ninguém podia me ajudar, que só dependia das minhas forças. Sempre sonhei em poder salvar a vida das pessoas, mas nunca pensei que seria desse jeito, nesse lugar. Voltei para dentro de casa e peguei tudo o que ainda não havia sido destruído. Saí pela porta dos fundos sem saber aonde ir primeiro, mas convicto de que partiria de mim uma grande salvação.

Ao entrar no meu sucateado carro, saí cantando pneus à procura de outras pessoas que não foram manipuladas por grandiosas invenções. Nossos países desenvolvidos, considerados maiores em inteligência e tecnologia, encontravam-se sem chão, sem nenhuma ideia que pudesse ao menos emparelhar a imensa guerra sem controle. Estávamos em meio a uma catástrofe mundial.

Sem ter com quem contar, sem uma grande reputação que pudesse ser levada em conta, saí à procura de ajuda, de alguém que pudesse acreditar no que eu falava. Diante de coisas desconhecidas, até o mais forte se desesperava e não conseguia mais pensar em nada, muito menos acreditar em um desconhecido que se dizia capaz de fazê-las parar. Destruir o que jamais foi visto...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Férias perfeitas.


Um período de dez dias que, no entanto, tornou-se inesquecível. Um trecho das nossas vidas que nem eu, nem tu, tiraríamos sequer um segundo, nem acrescentaríamos nada. Que a única preocupação durante todo o tempo, era saber se tu estavas bem, ou se precisava de alguma coisa. E contar os segundos para chegar à noite e poder ter o prazer de presenciar o momento em que seus olhos começavam a descansar, fechando-se delicadamente.

E no passar do tempo, conseguimos confiar e acreditar muito mais um no outro. Onde os problemas estavam esquecidos, distantes e sem nenhuma importância. No outro dia ficar imóvel por alguns segundos em que tu podes perceber a pessoa mais importante na tua vida, acordando com o rosto todo amassado e marcado pelo colchão de ar que muito satisfazia.

Emoção indescritível, que não passo um dia sequer sem lembrar, sem querer viver tudo novamente. Sair à noite para jantar, ir à lancheria mais movimentada da cidade-praia, que você mesmo sugeriu. Dois gordos comendo loucamente sem pensar em nada, só em aproveitar suas vidas completamente perfeitas.

E chegando em casa, ir para o quarto um pouco improvisado, dormir loucamente ao super-vento de um ventilador muito louco. Ter o tempo necessário para amar e cuidar de quem realmente merece todo o carinho existente. No clima-perfeito de lençóis e edredons, que mesmo estando um pouco quente, não conseguimos nos afastar.

Dormindo quase grudados, pernas e braços entrelaçados numa harmonia perfeita. E acordar no próximo dia com o mesmo destino. Ir à beira a praia, aproveitar o vento e uma brisa maravilhosa, e só pra variar, morrer comendo. E assim, em poucas palavras descrevo a melhor semana de toda a minha vida até agora, que tenho certeza que irá se repetir.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Um dia de verão.


Um dia, eu tenho a certeza de que chegarão à importantíssima conclusão de que o verão é uma merda. E que a vulgaridade das roupas não é nada elegante, muito menos algo bonito de se ver. Suor, irritação e cabelos sujos – mesmo tendo acabado de sair do banho, são coisas normais de se ver num inferno de 40ºc. Mas não, mesmo assim tem quem o ache a “oitava-maravilha-do-mundo”.

E tem mais. Sempre tem quem reclame do verão e peça – de falso modo, por um inverno extremamente rigoroso. E convivemos com aquela pessoa todos os meses de: “Vá embora verão filho-de-uma-puta”. E a mesma, concorda plenamente com tudo o que tu dizes a respeito, e ainda argumenta várias coisas que nos fazem pensar: “Nossa, tu realmente odeia com todas as forças tudo isso”.

Aí, até que enfim chega o tão esperado clima-perfeito. Que no meu entendimento é impossível alguém ter a ousadia de reclamar. Mas não, a primeira coisa que tu vê logo após criar coragem pra por a cara fora da sua jaqueta-tamanho-família, é o boyzinho intelectual, que queria edredom, livros e um café quente. Que passou o verão todo reclamando e implorando por um “inverno-rigoroso”.

Sem contar que no verão a indisposição vem à tona. E nada é satisfatoriamente agradável em tardes intermináveis. Ter de viver à base de ar-condicionado, ou se aglomerar em uma piscina cheia de pessoas com várias doenças. E a cada passo que dá, dentro da mesma, imagina milhões de coisas que podem estar submersas, naquela água podre de anos.

Não sou a favor de piscinas em clubes, onde todos tentam se achar o gostosão, sem ter nada de conteúdo a mostrar. E alguns abobados achando o máximo, meninas que recém saíram das fraldas, exibindo-se no auge dos 12 anos, à procura de um pai para o próximo filho.

terça-feira, 6 de março de 2012

Melhor dizendo...



Às vezes me sinto como se estivesse numa sala de espera. Aguardando por coisas que podem não vir, perder-se em outros caminhos sem encontrar uma solução. E até mesmo, esperando por um feixe de luz que atraia a atenção. Melhor dizendo, pequenos pacotes de energia que possam acarretar num sorriso despercebido, um beijo e um jantar na lanchonete da esquina.

E um dia chegar a ter alguém que prefira sair a dois, a sair em bando, trocando murros e pontapés ao atravessar a rua, como costumávamos fazer quando avançamos da sexta, para a sétima série. Ter com quem ir à locadora na sexta-feira à tarde, e desfrutar de um bom filme sábado à noite – mesmo nunca assistindo até o final. E fazer tudo isso vestindo o meu moletom, que os furos nas mangas tornaram-se clássicos.

Tenho minhas dúvidas que esse pessoal que encara o “século-vinte-um” como o tempo de “tocar-a-putaria”, não espere ansiosamente por alguém que bata na porta de madrugada e pergunte: “Têm um lugar pra mim? Mas não apenas por uma noite.” – que o faça feliz de verdade. E assim, parar de esconder-se nas estruturas frágeis do seu edifício de orgulho.

O ruim não é a solidão, e sim a ausência da mesma. Nada melhor do que obter respostas às perguntas ao folhear um livro, ou escutar a estrídula chuva que acabara de encorpar o velho som do violão.